Se por décadas a juventude foi símbolo de rebeldia e ruptura de padrões, um novo comportamento vem ganhando força entre os jovens atuais: a “adultecência”. Pesquisas recentes apontam que a #GeraçãoZ está amadurecendo mais cedo, adotando hábitos mais saudáveis e, em paralelo, resgatando a religiosidade como parte essencial do seu estilo de vida.
Estudos indicam que os jovens de hoje estão bebendo menos, frequentando menos festas, se preocupando mais com a alimentação e incorporando rotinas de exercícios físicos. Mas as mudanças não param por aí. A fé, especialmente em sua vertente cristã, também voltou a ocupar espaço no cotidiano de muitos. Para essa geração, devocionais antes da corrida, cultos à noite e a disseminação de conteúdos religiosos nas redes sociais são práticas cada vez mais comuns.
Na Europa, onde durante anos se observou um declínio da religiosidade, novos dados sugerem uma reversão dessa tendência. Segundo uma pesquisa da Ipsos de 2023, em países como Alemanha, Suécia, França e Reino Unido, jovens da Geração Z estão rezando e frequentando igrejas mais do que seus avós. Na Alemanha, a frequência religiosa entre jovens cresceu 28% em comparação à geração dos boomers. Informações da Conferência Episcopal ainda revelam que a faixa etária entre 18 e 25 anos é hoje a maior entre os novos convertidos.
No Brasil, o cenário é mais diverso. Um levantamento do Datafolha de dezembro de 2022 mostrou que, entre os jovens de 16 a 24 anos, 25% se declaram sem religião, 19% se identificam como evangélicos e 13% como católicos. Apesar do aumento dos “sem religião” — grupo que inclui ateus, agnósticos e espiritualistas sem vínculo institucional —, o crescimento da identidade evangélica é notável, impulsionado, em parte, pela adaptação das igrejas a uma estética jovem e conectada.
As igrejas evangélicas, especialmente, têm apostado em estratégias para atrair esse público: luzes de show, ambientes modernos, pastores tatuados e linguagem alinhada às tendências digitais. Nas redes sociais, a fé é muitas vezes apresentada como parte de um “lifestyle” desejável — com vídeos de jovens acordando cedo, fazendo devocionais, praticando exercícios e compartilhando rotinas saudáveis.
O que se vê, de forma mais ampla, é uma juventude que busca pertencimento, propósito e novos rituais de significado — mesmo que, para isso, resgate práticas que, até pouco tempo, pareciam em declínio.
Fonte: The Summer Hunter