Maternidade: “a gente não se prepara para ser outra mulher”

Redação àflordapele

bruna@bvcomunicacao.com.br

– Superior: Thais Godinho e Carolina Ávila

– Inferior: Camila Vilarinho e Mariana Leal

Reencontrar o próprio eu depois de se tornar mãe é um grande desafio para muitas mulheres. A cirurgiã bucomaxilofacial, Carolina Ávila, mãe de três filhos, mergulhou em um mar de questionamentos que envolviam suas necessidades e desejos. “O que mais me impactou não foi a parte física, mas minha identidade. A gente se prepara para o bebê, prepara a nossa casa, lê livros, mas não se prepara para ser outra mulher”, afirma. Carolina ainda revela que aprendeu a se impor e a buscar o que a reconecta consigo mesma, com a sua essência, o que faz com que ela se sinta bem. “Eu percebi, por exemplo, que não estava mais escutando música”.

Quanto à parte física, a situação de Carolina foi mais amena. Ela conta que lidou de forma tranquila com as mudanças no corpo. “Foi bem leve. Em cada gestação eu interagi de forma diferente. Ganhei bastante peso na primeira, mas nas seguintes me controlei mais. Eu não me cobrei”, lembra.

Já a psicóloga Thais Godinho se sentiu perdida com o próprio armário, após dar à luz o pequeno Heitor. Deixou seu estilo de lado e passou a apostar na praticidade. Ela virou apenas a mãe de seu filho. “A gente se deixa muito. Eu fiquei bastante cansada no primeiro mês e lembro que minha obstetra falou para eu descansar para não ‘pifar’”, relembra.

Thais começou a resgatar a vaidade feminina como mulher quando voltou a trabalhar. “Eu fui vendo a necessidade de quais roupas deveria usar, como eu queria me vestir… eu me negligenciei muito no pós-gestação”, recorda. E completa: “Tem uma mudança comportamental muito grande e é um processo único de cada mãe”.

Com o tempo, ela foi dando atenção também às suas necessidades como indivíduo, mulher e esposa. “Trabalho no meu processo terapêutico para me reconectar comigo mesma e me empoderar novamente. Voltar a ser a Thais, mulher que se cuida, independente, trabalhadora, amiga, esposa e mãe de Heitor também”, diz.

O luto

Para a psicóloga Camila Vilarinho, esse processo de reconexão com o ser mulher após a maternidade passa também por uma espécie de luto. “Basicamente há um luto. Você deixa de ser você e vai se reconstruir em um novo papel social. Além das mudanças hormonais e as novas rotinas”, pontua.

Vilarinho também revela que existem estudos na área que demonstram que há mudanças cerebrais associadas ao turbilhão de hormônios e privação de sono e mudanças na vida. “De fato, essas questões só terminam mesmo dois anos pós-parto. É nesse tempo que, geralmente, as mulheres começam a se sentir minimamente funcionais de novo”, afirma. É um caminho cheio de altos e baixos e crises existenciais. “O tempo vai ser fundamental para essa mulher retomar ou ressignificar rotinas com mais conforto. Você renasce, literalmente. E o ambiente, os suportes, privilégios ou a falta deles tem impacto no desfecho”.

Resgate do estilo

Para a consultora de imagem e estilo, Mariana Leal, a mulher fica tão focada na maternidade e mudanças do corpo, que ela se perde em seu estilo. A mulher cai em um limbo e fica sem entender o que gosta e o que não gosta. “É importante a busca por autoconhecimento após a fase de amamentação, que é quando a mulher volta a se inserir na sociedade”, avalia.

A consultora destaca alguns pilares muito fortes na mudança da mulher. “O pilar físico, das mudanças corporais, o da funcionalidade do armário, porque muitas mulheres ainda gostam do que elas têm, porém muitas peças não atendem diante das novas demandas, e o da identidade, já que muitas mulheres deixam de olhar para si próprias e se sentem perdidas”, afirma.

A profissional garante que a consultoria é um processo valoroso de autoconhecimento, que acaba reverberando em questões cruciais da vida. “Através da coloração você entende quais são as cores que melhor harmonizam com a sua pele. Com a análise do corpo e rosto é possível entender porque tal roupa fica melhor e valoriza a pessoa. E o mapeamento de estilo avalia o que combina melhor com sua personalidade atual, com sua identidade. E, por fim, a montagem de looks para entender como as roupas vão te valorizar”, finaliza.

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