O mito da “supermulher”

Redação àflordapele

bruna@bvcomunicacao.com.br

Apaixonada por cuidar de gente, Glicia Abreu encontrou sua verdadeira vocação na medicina. “Minha motivação vem do desejo de fazer a diferença. Para mim, ser médica é um chamado, uma oportunidade de impactar vidas de forma significativa”, disse a baiana, que atua há mais de 30 anos na área de proctologia.

A coloproctologista, professora e pesquisadora divide sua rotina entre o consultório particular, o setor público no Centro Estadual de Oncologia (Cican), e a docência na Escola Bahiana de Medicina. Ela encara os desafios com dedicação e energia, especialmente por ser mulher e atuar em um campo predominantemente masculino.

“A área ainda apresenta desafios, como o preconceito de gênero e a necessidade de equilibrar carreira e vida familiar. No entanto, acredito que isso também nos fortalece”, afirma. Glicia considera a presença das mulheres na medicina como essencial para um atendimento mais empático.

Trabalho à frente da saúde é um alerta

Na visão da médica, a mulher moderna enfrenta o desafio de equilibrar carreira, maternidade e aspirações pessoais, o que pode ser extremamente exigente. A profissional também observa que, embora a conscientização sobre a qualidade de vida esteja crescendo, muitas mulheres ainda têm dificuldades para se priorizar. “Vejo muitas pacientes sobrecarregadas. É importante que haja uma conscientização sobre a necessidade de cuidados regulares de saúde, incluindo exames periódicos, práticas de relaxamento e atividade física regular”, aconselha.

Em sua experiência profissional, a coloproctologista observa que muitas mulheres acabam colocando o trabalho à frente da saúde e alerta sobre as possíveis consequências. “Isso pode levar a um aumento de doenças, especialmente relacionadas ao estresse e à falta de tempo para cuidados preventivos. Eu defendo que a saúde deve vir em primeiro lugar, seguida pela família e depois o trabalho. É um equilíbrio difícil de manter, mas necessário”, pondera.

Com tanto para gerenciar, o sexo feminino assume o papel da “supermulher”, a identidade que ao dar conta de tudo, por muitas vezes acaba se negligenciando. Glicia nos convida a um momento de autorreflexão e de priorização do nosso eu, não como um ato egóico, mas sim, de autoamor. “É essencial encontrarmos tempo para nós mesmas, para o autocuidado e para a família, sem nos sentirmos culpadas por não estarmos produzindo o tempo todo. É uma lição que eu aprendi ao longo dos anos e que tento aplicar na minha vida e ensinar para minha filha”, frisa.

Compartilhe