Amor, união e fé. Muita fé em Deus! Essa foi e continua sendo a receita de vida de Sonia Leal. E isso se intensificou após aquele trágico 9 de março de 2023, data que virou um marco na história da família da professora do Ensino Fundamental do Colégio Anchieta. Docente querida pelos colegas de trabalho e alunos, ela estava em mais um dia de rotina em sala de aula quando sentiu os primeiros sintomas do Acidente Vascular Cerebral (AVC) que sofreu na manhã daquela quinta-feira.
“A partir daí não me recordo de mais nada. Precisei perguntar aos meus filhos o que aconteceu naquele dia, pois eu não tenho nenhuma lembrança”, relata. Mãe de Tiago, Aline, Izabella e Mariana, a professora de 63 anos foi atendida e internada em caráter de urgência no Hospital Aliança. “A primeira impressão foi de um caso extremamente grave, pois a hemorragia foi extensa, junto à estrutura cerebral nobre. O risco de óbito e sequelas era muito grande”, afirma o neurocirurgião Carlos Bastos, responsável pela cirurgia da professora.
O médico destaca também que o caso de Sonia atingiu uma região cerebral que comanda funções vegetativas como respiração e batimentos cardíacos, e foi motivado pela ruptura de um aneurisma da artéria basilar, que tem alto índice de mortalidade. “Sem dúvida nenhuma foi o pior momento de nossas vidas. Chegar ao hospital e saber que existia uma porcentagem enorme de chance de sua mãe falecer foi dolorido demais. O que nos fortaleceu foi a fé em Deus e a união da nossa família e amigos”, conta a advogada Aline Ayres, 42, uma das filhas de Sonia.
Para a família, a dúvida da sobrevivência de Sonia foi a questão mais difícil de encarar no período em que ela estava internada. “O processo de recuperação foi bastante desafiador. Nós estávamos com ela 24 horas por dia e tínhamos medo de que ela entrasse em depressão, pois foi tomada por uma profunda tristeza quando começou a recuperar a consciência. Foi uma fase complicada, e ainda sabendo que ela poderia morrer, mas, para Deus, nada é impossível”, celebra Aline.
O bom da vida e dessa história é que Sonia venceu. Contrariou as probabilidades, lutou contra as adversidades, superou o improvável. Acreditou no amor, na nobreza da perseverança, teve uma fé inabalável em Deus e sabia que ainda tinha muita coisa para fazer aqui nesse mundo. A professora de voz doce e serena, sobreviveu. “Ter a oportunidade de ‘voltar’ e refletir sobre tantas coisas, é uma dádiva maravilhosa! Vemos que a vida deve ser vivida de forma leve, com muito amor e para servir ao outro também. Dar amor é muito bom! Sou muito grata a Deus por essa oportunidade”, comemora a professora.
Sonia está feliz e absolutamente consciente. Por isso, ela também avalia que tem sido um momento de muitas reflexões e encontros consigo mesma. “Tenho revisto meus pensamentos e desejos guardados na alma. Penso diariamente em tudo o que passei e tenho tentado entender qual o propósito disso para minha vida. Arrisco a dizer que nasceu uma nova Sonia. Claro que guardo em mim a essência, o meu jeito de ser, mas, muitas coisas novas estão surgindo, outras se desfazendo e tantas outras se transformando”, reflete.
Espirituosa e positiva, mas não necessariamente uma mulher religiosa, Sonia acredita que o seu reencontro com Deus foi um fator muito importante na sua vitória, ainda no leito do hospital, e agora no seguimento da vida no seio familiar. “Eu nunca me afastei Dele. Porém, sua presença em minha vida agora está mais forte e consistente. Sem dúvida, esse é o melhor de todos os meus reencontros. O que mais tem me dado força e resiliência para aceitar o que passei e também as mudanças. E a continuar seguindo o meu caminho em paz, com alegria e gratidão”, detalha.
A professora Sonia Leal acredita que a vida é, simplesmente, uma oportunidade que Deus dá para cada ser humano buscar a felicidade. “Se Deus me deixou aqui é porque tenho sonhos a realizar. Sonhos que sempre tive. Por isso eu nunca desisti”, afirma. Como dizem os versos da canção do Padre Marcelo Rossi, ela se considera um milagre por estar viva. “Eu me emociono até hoje! Afinal, eu cheguei muito perto de morrer e estou aqui, amando e vivendo a vida plenamente. E com a certeza de que sempre há o que se aprender, só precisamos estar atentos e de coração aberto”, finaliza.
– Os filhos Tiago, Aline, Izabella e Mariana
– Mãos de Sonia e sua filha Mariana, durante internamento
– Círculo de oração
– Quarto de Sonia, durante internamento
– Sonia em família, com os netos
– Quarto de Sonia, durante internamento